terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Choque de realidade na TI verde

As montanhas de lixo eletrônico continuam por aí, mas incomodam cada vez mais


Não será nesta encarnação que a turma de TI vai transformar as grandes corporações nas melhores amigas do Green Peace, mas já tem o que mostrar. Em Punta del Este, no INFO CIO Meeting, deu para ver o quanto. Muita coisa que estampa o rótulo verde se confunde com corte de custo – mas isso, em vez de problema, é vantagem, certo?

Acompanhe comigo o que se passa no Banco Itaú, na descrição de João Antonio Bezerra Leite, diretor de operação de computadores e telecom:
• A TI do Itaú, que consome 50% da energia gasta pelo banco, começou a fazer o desempate entre fornecedores dando preferência aos ambientalmente responsáveis.

• Foram adotados thin clients em mesas de tesouraria e mercado de capitais, o que corta 80% do consumo de energia, numa comparação com desktops.

• ATMs com tela escura e monitores LCD em vez de CRT, também ajudaram a reduzir esses gastos.

• No grupo Votorantim, as coisas também estão caminhando, embora Fabio Faria, o diretor de TI da Votorantim Industrial, ache que uma regulamentação, como nos países da Europa, faça falta.

• A Votorantim Industrial, que consome 3% de toda a energia do país, já é auto-suficiente em 60%, basicamente com hidrelétricas, e caminha para chegar a 70% de auto-suficiência.

• Os contratos de leasing de PCs estipulam que os fornecedores se comprometam a descartar adequadamente os equipamentos, embora poucos fornecedores aceitem assumir esse compromisso.


José Luiz Salinas, vice-presidente de tecnologia do Banco do Brasil, cita o que faz:

• O novo data center em gestação prioriza o geradores com menos poluentes, que possam ter limitação de fuligem, e os que podem utilizar biodisel. No tocante à água do data center, o interesse é captar a água da chuva e refrigerá-la com gases não agressivos.

• Até o final de 2009, o BB trocará todos os monitores de suas 120 mil máquinas por LCD, mais econômicos em termos de energia.


Na General Motors, a briga contra poluição ambiental é considerada uma questão de sobrevivência da indústria automobilística. Cláudio Martins, CIO do Mercosul, da GM, lembrou em Punta:

• Em cinco anos, a GM economizou 11 mil árvores graças à redução das impressões em papel. Cortou a papelada impressa em mais de 50%, de 6 milhões de páginas mês para 2,7 milhões.

• A GM tenta estender a vida útil das suas máquinas, já que não há ainda solução para o descarte final. Estações de trabalho de engenharia, que são máquinas de alta performance, são doadas para universidades.

• No processo de leasing de desktops e notebooks, a empresa força o fornecedor a deixar um valor residual nessas máquinas. Assim, ele também tem interesse em estender a vida útil aquelas unidades.


Consideradas no conjunto, essas medidas podem não ser suficientes para tornar a TI realmente verde. Muito menos para resolver de forma satisfatória o drama do lixo eletrônico que estamos acumulando. Mas são um começo.


Fonte: Sandra Carvalho, do Grupo Info

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