O Solar Impulse, maior avião solar do mundo, do pioneiro suíço Bertrand Piccard, realizou um voo-teste no dia 7 de Abril na base aérea militar de Payerne, no sudoeste da Suíça.
"A maior aventura do século 21 é nos tornarmos independentes das energias fósseis", disse Piccard, que acompanhou em solo o voo inaugural de uma hora e meia de seu avião movido a energia solar.
Com o projeto Solar Impulse, iniciado em 2003, ele quer provar que essa independência é possível. "Se provarmos isso, ninguém mais poderá dizer que o mesmo é impossível com carros, computadores e sistemas de calefação", disse Piccard.
Na manhã deste dia, dezenas de curiosos e jornalistas tentavam encontrar o melhor lugar para observar o voo-teste nas imediações da base aérea de Payerne. Às 10h26, sob céu claro e pouco vento, o avião decolou e levou Piccard e sua equipe às lágrimas de emoção.
No cockpit encontrava-se o piloto de testes Markus Scherdel. Durante aproximadamente uma hora e meia, a aeronave deu várias voltas a uma altitude ente 1000 e 1200 metros, acompanhada por dois helicópteros.
Em solo, podia-se acompanhar a comunicação entre a direção do projeto e o piloto. O clima era de alegria. Piccard abraçava seus engenheiros. Depois de 15 minutos de voo, o avião desligou os motores e começou a planar.
Sensível a turbulências
Em sua volta ao mundo em 2013, um ano mais tarde do que inicialmente previsto, o Solar Impulse deve subir durante o dia. Durante a noite, ele deverá tentar manter o máximo de altura ao planar.
Às 11h55, o maior avião solar do mundo fez um pouso seguro na pista do aeroporto de Payerne. O objetivo do voo-teste foi verificar se o avião se comportava no ar conforme os cálculos feitos no simulador. O desempenho da aeronave ainda não tinha sido avaliado na prática. Ela é muito sensível ao vento e a turbulências, disse Piccard.
Piccard disse antes da decolagem que queria mostrar o estágio atual do projeto Solar Impulse. Depois do pouso, ele dirigiu-se satisfeito ao público. "Estou contente em poder saudá-los novamente ... porque ninguém podia prever como seria este voo."
"Este foi o primeiro momento em que pudemos verificar se o que fizemos nos últimos sete anos estava certo ou não. Durante sete anos, os engenheiros, técnicos e todos na equipe calcularam, projetaram e simularam o comportamento deste avião. Agora, pela primeira vez, vimos que tudo estava certo. Isso é uma motivação fantástica para continuarmos seguindo este caminho", acrescentou.
O piloto do voo histórico, o alemão Markus Scherdel, disse que o avião se comportou extamente como durante as simulações de voo. "Foi um momento realmente muito especial."
"Trata-se de um grande êxito. É um privilégio fazer parte desta aventura", disse emocionado um outro precursor do projeto, o astronauta suíço Claude Nicollier.
O voo-teste foi bem-sucedido. Segundo a direção do projeto, o próximo passo será um voo noturno no próximo verão europeu. Até a volta ao mundo ainda há muito trabalho pela frente, mas uma etapa importante foi cumprida hoje.
Volta ao mundo
O Solar Impulse HB-SIA, fabricado pela firma Décision S.A, em Eclubens (oeste da Suíça), tem a envergadura de um Airbus 340, o peso de um carro de passeio (1600 quilos) e não usa qualquer combustível fóssil.
As quatro hélices do Solar Impulse são movidas pela energia gerada por 12 mil células fotoelétricas espalhadas por uma superfície de 200 metros quadrados sobre as asas.
Não é o primeiro avião solar do mundo, mas certamente o projeto mais ambicioso. Em 1980, primeiros voos tripulados foram bem-sucedidos nos EUA; em 1981, o Canal da Mancha foi sobrevoado com energia solar; e, em 2005, ocorreu o primeiro vôo noturno – ainda não tripulado – com energia solar armazenada em baterias. O avião de Piccard unifica todas essas experiências.
Depois de mais testes com o protótipo HB-SIA, em 2011 deverá ser construído o HB-SIB, com o qual Piccard pretende dar a volta ao mundo, não em 80 dias e sim em cinco etapas de cerca de cinco dias cada. A rota deverá seguir a linha do Equador. A data exata da partida ainda não está definida.
Geraldo Hoffmann, swissinfo.ch
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